S. O. S.

Vai ao fundo o navio,
Mas eu sou o homem da telegrafia,
O que lança nas asas do vazio
O adeus da agonia...

Sei que ninguém acode à íntima certeza
De que tudo acabou quando naufraga
O veleiro do sonho.
Mas honrado poeta sinaleiro
Do destino de quantos aqui vão,
Ponho
A correr mundo o grito derradeiro
Da nossa desgraçada perdição.

Miguel Torga, Cântico do Homem

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